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sábado, 30 de janeiro de 2016

American Horror Story: Teorias

Pesquisando e rondando pela internet é fácil encontrar milhões de teorias que explicam as conexões entre as temporadas de American Horror Story. Eis aqui um compilado das que eu achei mais plausíveis ou simplesmente fizeram minha cabeça pirar.

Na penúltima temporada, Freak Show, vimos uma clara conexão com Asylum - foi a primeira vez que as temporadas independentes criadas por Ryan Murphy se conectaram. As teorias começaram a surgir em outubro 2014, quando Ryan revelou em uma entrevista a Entertainment Weekly que todas as temporadas de American Horror Story estão conectadas.

"[As temporadas] estão todas conectadas. Nós só estamos começando a dizer como. São independentes, mas há pistas em todas elas que mostram como diferentes mundos se entrelaçam.", disse Ryan Murphy, um dos criadores da série. "Parte da diversão do show é a ideia do Cubo de Rubik, mas, sim, há conexões propositais, personagens conectados, similaridades e coisas conectadas e que vão continuar se conectando daqui pra frente."


"E se todas as temporadas de American Horror Story se passam no mesmo universo? [...] O que estou tentando dizer é que vários personagens da série parecem ter mortes trágicas ou viverem em paz consigo mesmos enquanto carregam informações e conhecimentos que seriam onerosos numa mente consciente. E se AHS é, essencialmente, o inferno do elenco? [...] Estaria o elenco preso no inferno e sendo forçado a reviver suas vidas traumatizantes de novo e de novo pelo resto da eternidade? Será que, através de seus 'personagens', eles revivem os tormentos em várias temporadas e tudo que vivem, na verdade, é uma representação do pecado original que cometeram quando vivos?"
Usuário do Reddit.com


Definindo o tempo das cinco temporadas

  • Murder House se passa em Los Angeles. Apesar da maioria das temporada se passarem nos dias atuais, há sempre flashbacks aos anos 20, 40, 80 e 90.
  • Asylum se passa principalmente na Mansão de Briarcliff em Massachusetts. Quase todos eventos acontecem durante os anos 60, com breves flashes dos anos 70 e dias atuais.
  • Coven se passa em Nova Orleans. É quase exclusivamente focada nos eventos dos dias atuais, com breves flashbacks aos anos de 1800, começo de 1900, 60 e 70.
  • Freak Show se passa em Júpiter, Flórida. Os eventos acontecem quase que exclusivamente em 1952, embora tenhamos muitos mini-flashbacks enquando os personagens contam suas histórias do passado.
  • Hotel, a temporada atual, se passa em Los Angeles, no fictício Hotel Cortez. Está diretamente conectada com a primeira temporada, porque aparece a casa dos Harmon (também chamada Casa dos Assassinatos / Murder House).



1 - Pepper é o primeiro personagem a aparecer em mais de uma temporada
No final de Freak Show, vemos a primeira ocorrência de duas temporadas se colidindo, quando vemos Pepper ser devolvida a sua irmã. Vemos como a irmã a culpa pela morte de seu bebê. Logo depois é mandada a Briarcliff, onde é cuidada pela irmã Mary Eunice.










2 - A Irmã Mary Eunice também fez uma ponte entre Asylum e Freak Show
Vemos como a Irmã Mary Eunice aparece em Freak Show, quando ela entra já no final da temporada. Vemos a rara e bondosa versão da Irmã Mary Eunice e como ela trata Pepper em Briarcliff.










3 - Elsa Mars e o Dr. Arden já se cruzaram na Alemanha
Em flashbacks, Elsa revela seu passado, dizendo que suas pernas foram serradas durante um filme snuff e um médico a ajuda com próteses. O médico, então, aparece no show de horrores perto do fim da temporada, para fazer as próteses de Jimmy. Ele revela que um dos soldados responsáveis por mutilar Elsa se chama Dr. Hans Gruper, que todos sabemos se tratar do Dr. Arden, de Asylum. Isso totaliza três conexões em Freak Show!






4 - Vivien Harmon: Uma possível conexão da primeira temporada
Se Murphy disse que "a segunda temporada está conectada com a quarta, que está conectada com a primeira", é porque podemos traçar relações. Na primeira temporada, você deve se lembrar que a família Harmon originalmente planejava ir para a Flórida até Vivien dar à luz. Vivien menciona que tem família lá. Qual é seu nome de solteira? Poderia ela, de alguma maneira, ter ligação com um dos personagens de Júpiter, Flórida?


5 - A primeira e quinta temporada estão fortemente conectadas
Enquanto acompanhávamos Hotel, Ryan Murphy confirmou que veríamos a casa da primeira temporada novamente. Como um bônus, Murphy mencionou que ambas as temporadas compartilham um tema semelhante: "um medo honesto e primordial". O fato da primeira temporada ter uma linha do tempo tão ampla (de 1920 até os dias atuais) cria grandes oportunidades para os dois mundos se colidirem. No episódio de Hotel, "Room 33", a Condessa visita o já conhecido Charles Montgomery, o médico dos abortos clandestinos.


6 - Um segredo sobre Madison Montgomery
Uma grande e óbvia conexão entre a primeira e a terceira temporada é Madison Montgomery. É um lembrete que remete aos primeiros proprietários da Murder House / Casa dos Assassinatos, que também se chamavam "Montgomery". Madison é uma estrelinha de Hollywood, então é possível que ela seja uma descendente direta? A resposta é "sim".





7 - Mas onde entra Coven nisso tudo?
Debaixo de todas essas camadas, nós temos as bruxas. Coven é um pouco mais complicado. Claro, a temporada se passa em Nova Orleans nos dias atuais, mas o que sabemos sobre as bruxas que fundaram a Senhorita Robichaux? Diz-se que essas bruxas fugiram de Massachusetts após o julgamento das bruxas Salém. Em Murder House, a família Harmon inicialmente se muda de Boston para Los Angeles. Em Asylum, Briarcliff também fica em Massachusetts, então não está muito longe dos Harmon e a possível origem de Coven. Poderia Freak Show estar conectado de alguma maneira também? Poderia haver lá uma bruxa no meio deles? Isso, só o tempo dirá.


8 - Personagens antigos podem se "hospedar" em Hotel
Na Comic-Con de 2015, Ryan Murphy brincou dizendo que "muitos outros" personagens das temporadas anteriores estarão de volta. Especificamente, ele disse que veríamos alguns rostos conhecidos se hospedando no hotel! Isto quer dizer que, na quinta temporada, pode haver um incrível ponto de colisão não de uma, mas de várias temporadas. Já temos várias ideias em mente.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Serial Killers: Quem São?

Serial killer, de acordo com a wikipedia é "um tipo de criminoso de perfil psicopatológico que comete crimes com uma certa frequência, geralmente seguindo um modus operandi e às vezes deixando sua 'assinatura'."

De acordo com o Instituto Nacional de Justiça, em 1988, "os crimes podem ocorrer durante um período de tempo que varia desde horas até anos. Quase sempre o motivo é psicológico, e o comportamento do infrator e a evidência física observada nas cenas dos crimes refletiram nuanças sádicas e sexuais".

Ilana Cassoy responde em seu livro, Serial Killers: Louco ou Cruel?, a verdadeira natureza de um assassino em série e desvenda alguns mitos. Achamos interessante compartilhar alguns ensinamentos com vocês a nível de curiosidade. Como ela mesma se pergunta, "O que leva uma pessoa a praticar atos tão extremos como assassinatos em série? A questão é genética, psíquica ou psicológica?". Essas questões levaram-na a pesquisar e escrever as respostas encontradas, buscando entender onde nasce a violência.

O livro aborda os serial killers sob diversos aspectos e à luz da Criminologia, do Direito, da Psiquiatria e da Psicologia, e dedica-se a dissecar este universo, analisando como tudo começa, quem são as vítimas, os aspectos gerais e psicológicos, os mitos e as crenças, o perfil criminoso, a psicologia investigativa, a análise do local do crime e a encenação/organização da cena. Mas, sem mais delongas, vamos ao que interessa:

Quem é um serial killer? Como tudo começa...

"A maldade é a vingança do homem contra a sociedade pelas restrições que ela impõe. [...]
É o resultado do conflito entre nossos instintos e nossa cultura."
- Sigmund Freud

Aceitamos como definição que serial killers são indivíduos que cometem uma série de homicídios durante algum período de tempo, como pelo menos alguns dias de intervalo entre esses homicídios. O intervalo entre um crime e outro os diferencia dos assassinos de massa, indivíduos que matam várias pessoas em questão de horas.

O motivo do crime ou, mais exatamente, a falta dele é muito importante para a definição de um assassino como serial. As vítimas parecem ser escolhidas ao acaso e mortas sem nenhuma razão aparente. Raramente o serial killer conhece suas vítimas. Ela apresenta, na maioria dos casos, um símbolo. Na verdade, ele não procura uma gratificação no crime, apenas exercita seu poder e controle sobre outra pessoa, no caso a vítima.


Os serial killers são dividos em quatro tipos:
  • Visionário - é um indivíduo completamente insano, psicótico. Ouve vozes dentro de sua cabeça e lhes obedece. Pode também sofrer de alucinações ou ter visões;
  • Missionário - socialmente não demonstra ser um psicótico, mas em seu interior tem a necessidade de "livrar" o mundo do que julga imoral ou indigno. Escolhe certo tipo de grupo para matar, como prostitutas, homossexuais, mulheres ou crianças;
  • Emotivo - mata por pura diversão. Dos quatro tipos estabelecidos, é o que realmente tem prazer em matar e utiliza requintes sádicos e cruéis, obtendo prazer no próprio processo de planejamento do crime;
  • Sádico - é o assassino sexual. Mata por desejo. Seu prazer será diretamente proporcional ao sofrimento da vítima sob tortura. A ação de torturar, mutilar e matar lhe traz prazer sexual. Canibais e necrófilos fazem parte deste grupo.

Serial killers também são divididos nas categorias "organizados" e "desorganizados", geograficamente estáveis ou não.

O denominador em comum entre todos os tipos é o sadismo, uma desordem crônica e progressiva. Segundo o dr. Joel Norris, PhD em Psicologia e escritor, existem seis fases do ciclo do serial killer:

  • Fase áurea - quando o assassino começa a perder a compreensão da realidade;
  • Fase da pesca - quando o assassino procura sua vítima ideal;
  • Fase galanteadora - quando o assassino seduz ou engana sua vítima;
  • Fase da captura - quando a vítima cai na armadilha;
  • Fase do assassinato ou totem - auge da emoção para o assassino;
  • Fase da depressão - ocorre após o assassinato.

Quando o assassino entre em depressão, engatilha novamente o início do processo, voltando à Fase Áurea.

Quem é a vítima?


As vítimas são escolhidas ao acaso ou por algum esteriótipo que tenha significado simbólico para ele. Diferentemente de outros homicídios, a ação da vítima não precipita a ação do assassino. Ele é sádico por natureza e procura prazeres perversos ao torturar suas presas, chegando até a "ressuscitá-las" para "brincar" um pouco mais. Tem necessidade de dominar, controlar e possuir a pessoa. Quando a vítima morre, o assassino é novamente abandonado à sua misteriosa fúria e ódio por si mesmo. Esse círculo vicioso continua em andamento, até que sejam capturados ou mortos.

Com raras exceções, o serial killer enxerga suas vítimas como objetos. Para humilhá-las ao máximo, torturá-las fisicamente e matá-las, ele não pode enxergá-las como pessoas iguais a si mesmo e correr o risco de destruir sua fantasia. Sente-se bem ao saber que as fez se sentirem mal.

Esta é a essência do pensamento do serial killer: as vítimas não são suas parceiras na realização da fantasia, mas seu objeto de fantasia. Ele tira da vítima o que quer e quando termina livra-se dela. Pode jogá-la no acostamento, arrumá-la em um gramado ou fazê-la em pedaços e espalhá-los em uma mata.

Existem pesquisas que revelam que o prazer sexual do criminoso tem correlação direta com a resistência da vítima, e esta aumenta o tempo da duração do crime, que varia entre 36 e 94 minutos.

Tende a escolher vítimas mais fracas fisicamente do que ele, o que facilita seu domínio. De forma geral, as vítimas também pertencem a grupos menos beneficiados, como prostitutas, sem-teto ou caronistas, pois a demora em constar seu desaparecimento facilita o trabalho do serial killer.

Conclui-se, então, que não existe um tipo físico preferido de vítima: a ação do serial killer não depende da atitude da vítima e o motivo do assassinato, em geral, só faz sentido para ele mesmo. Portanto, a melhor prevenção para não se tornar uma vítima é... rezar!

Aspectos gerais e psicológicos


Existem vários aspectos psicológicos que os serial killers têm em comum, no que diz respeito tanto à sua ação quanto ao seu passado.

Na infância, nenhum aspecto isolado define a criança como um serial killer potencial, mas a chamada "terrível tríade" parece estar presente no histórico de todos os serial killers; enurese (incontinência urinária sem conhecimento, micção involuntária, inconsciente) em idade avançada, abuso sádico de animais ou outras crianças, destruição de propriedade e piromania (distúrbio mental no qual o indivíduo produz incêndios por prazer).

Outras características em comum na infância desses indivíduos são: devaneios diurnos, masturbação compulsiva, isolamento social, mentiras crônicas, rebeldia, pesadelos constantes, roubos, baixa autoestima, acessos de raiva exagerados, problemas relativos ao sono, fobias, fugas, propensão a acidentes, dores de cabeça constantes, possessividade destrutiva, problemas alimentares, convulsões e automutilações relatadas pelos próprios serial killers em entrevistas com especialistas.

Apesar de não fazer parte da "terrível tríade", o isolamento familiar e/ou social é relatado pela grande maioria deles. Quando uma criança é isolada ou deixada sozinha por longos períodos de tempo e com certa frequência, a fantasia e os devaneios passam a ocupar o vazio da solidão. A masturbação compulsiva é consequência altamente previsível.

Para as pessoas normais, a fantasia pode ser usada como fuga ou entretenimento. É temporária e existe a compreensão por parte do indivíduo de que é irreal. Para os serial killers, a fantasia é compulsiva e complexa. Acaba se transformando no centro de seu comportamento, em vez de ser uma distração mental. O crime é a própria fantasia do criminoso, planejada e executada por ele na vida real. A vítima é apenas o elemento que reforça a fantasia.

Como a escalada da fantasia exige um constante reforço e, para tanto, uma sucessão de vítimas, a fantasia acaba se tornando o motivo do crime e estabelece a "assinatura" do criminoso.

O comportamento fantástico do serial killer serve a muitos objetivos; aplaca sua necessidade de controle; dissocia a vítima, tornando os acontecimentos mais reais; dá suporte à sua "personalidade para fins sociais"; e é combustível para futuras fantasias.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Os Simpsons - Primeira temporada

02 - Bart, o Gênio
frase do quadro negro: "Não vou desperdiçar giz"


03 - A Odisseia de Homer
frase do quadro negro: "Não vou mais andar de skate no corredor"

sábado, 21 de fevereiro de 2015

A Noite do Boneco Vivo II - capítulo 4

Guida veio na tarde seguinte. Guida é muito pequenininha, uma espécie de mini-pessoa. Ela tem um rosto pequeno, mas é muito bonita, com olhos azuis brilhantes e feições delicadas.
Seu cabelo loiro é leve e bom. Ela o deixou crescer este ano. Passa só um pouco de sua cinturinha.
Ela é quase meio metro mais baixa que eu, embora nós duas façamos doze anos, em Fevereiro. Ela é muito inteligente e popular. Mas os meninos gostam de tirar sarro de sua voz suave e sussurrante.
Hoje ela vestia uma camiseta azul brilhante sobre calções brancos de tênis.
- Comprei a nova coleção dos Beatles - ela me disse entrando na casa. Ela levantou uma caixa de CD.
Guida ama os Beatles. Ela não ouve nenhuma dessas bandinhas atuais. Em seu quarto, ela tem uma prateleira inteira de fitas e CDs dos Beatles. E ela tem cartazes dos Beatles nas paredes.
Nós fomos para o meu quarto e tocamos o CD. Guida deitou na cama. Eu me esparramei no tapete defronte a ela.
- Meu pai quase não me deixa ouvir - Guida me disse, empurrando seu cabelo longo por trás dos ombros. - Ele sempre acha que vai precisar de mim para trabalhar no restaurante.
O pai de Guida é dono de um restaurante no centro chamado A Casa de Festa. Não é bem um restaurante. É uma casa grande e velha que ele encheu de salões onde as pessoas podem realizar festas.
Muitas crianças fazem festas de aniversário lá. E tem bares mitzvahs, celebrações e casamentos lá. Às vezes, seis festas acontecem ao mesmo tempo!
Uma música dos Beatles terminou. A próxima música, "Ame-me Na Real", começou a tocar.
- Eu amo essa música! - Guida exclamou. Ela cantou junto por um bom tempo. Tentei cantar com ela, mas não consigo acompanhar o tom. Como meu pai diz, não posso brincar com a melodia.
- Olha, estou feliz que não tenha que trabalhar hoje - eu disse à Guida.
- Eu também - Guida suspirou. -Papai sempre me dá os piores empregos. Sabe disso. Limpar mesas. Guardar pratos. Ou amarrar sacos de lixo. Eca!
Ela começou a cantar de novo, e depois parou. Ela se sentou na cama.
- Amy, quase me esqueci. Papai pode conseguir um emprego para você.
- Como? - respondi. - Tipo amarrar sacos de lixo? Tô fora, Guida.
- Não. Não. Escuta - Guida implorou animadamente em sua voz de camundongo. - É um bom trabalho. Papai tem um monte de festas de aniversário agendadas. Para criancinhas. Você sabe. Menores de dois anos. Talvez alguns de três ou quatro. E ele acha que podemos entretê-los.
- Ãh? - olhei para minha amiga. Ainda não tinha entendido. - Você quer dizer cantar, ou algo assim?
- Não. Algo como Dênis. Ela torceu uma mecha de cabelos em torno de seus dedos e balançou a cabeça no ritmo da música enquanto falava. - Papai te viu com Dênis na noite de talentos da sexta série. Ele ficou realmente impressionado.
- Ficou? Eu fui terrível naquela noite! - respondi.
- Bom, meu pai não achou. Ele perguntou se você gostaria de ir para uma festa de aniversário e fazer uma performance com o Dênis. As criancinhas vão adorar. Meu disse que ele mesmo iria pagá-la.
- Puxa! Isso é bacana! - eu respondi. Que ideia excitante.
Então me lembrei de algo.
Fiquei de pé num pulo, corri o quarto inteiro até a cadeira, e levantei a cabeça de Dênis.
- Um probleminha - gemi.
Guida soltou o cabelo e fez uma careta.
- A cabeça dele? Por que você arrancou-a?
- Não arranquei - eu respondi. - Ela soltou. Toda vez que eu uso o Dênis a cabeça cai.
- Ah - Guida soltou um suspiro desapontada. - A cabeça parece esquista por si só. Eu acho que as criancinhas não vão gostar dela caindo.
- Eu acho que não - concordei.
- Ela pode assustá-las ou algo assim - disse Guida. - Você sabe. Terão pesadelos. Podem pensar que suas próprias cabeças estão caindo.
- Dênis está totalmente destruído. Meu pai prometeu-me um novo ventríloquo. Mas foi incapaz de encontrar um.
- É uma pena - Guida respondeu. - Você ia se divertir apresentando para crianças.
Ouvimos mais músicas dos Beatles. Então Guida teve de ir para casa.
Poucos minutos depois de sua saída, ouvi a porta da frente bater.
- Ei, Amy! Amy... está em casa? - eu ouvi papai chamando da sala de estar.
- Estou indo! - respondi. Fui caminhando até a frente da casa. Papai estava na porta de entrada, com uma longa caixa debaixo do braço, com um sorriso no rosto.
Ele entregou um cartão para mim.
- Feliz Desaniversário! - ele exclamou.
- Papai! É...? - choraminguei. Rasguei a embalagem. Isso! Um novo ventríloquo!
Eu tirei-o cuidadosamente da embalagem.
O ventríloquo tinha cabelo castanho ondulado pintado na parte superior da cabeça de madeira. Estudei seu rosto. Era meio esquisito. Parecia estar vivo. Seus olhos eram de um azul brilhante... não desbotados como os de Dênis. Seus lábios pintados de vermelho choque se curvavam num sorriso misterioso. Seu lábio inferior tinha uma lasca que não combinava muito bem com o outro.
Conforme eu o puxava da caixa, o ventríloquo parecia olhar nos meu olhos. Seus olhos brilhavam. Seu sorriso se alargou.
Senti um calafrio repentino. "Por que esse ventríloquo parecia estar rindo de mim?", perguntava-me.
Segurei-o levantando-o, examinando-o com cuidado. Ele usava um terno cinza, trespassado por um colarinho branco. O colarinho tinha sido grampeado em seu pescoço. Ele não usava camisa. Em vez disso, sua caixa de madeira havia sido pintada de branco.
Grandes sapatos de couro preto eram presos às extremidades de suas finas pernas balançantes.
- Pai... ele é ótimo! - exclamei.
- Encontrei-o numa casa de penhores - meu pai disse, pegando a mão do ventríloquo e fingindo apertar as mãos com ele. - Como você faz, Bofetada?
- Bofetada? É o nome dele?
- Foi o que o homem da loja disse - papai respondeu. Ele levantou os braços de Bofetada, examinando seu terno. - Eu não sei porque ele vendeu Bofetada tão barato. Ele praticamente deu de graça!
Virei o ventríloquo e examinei as cordinhas que faziam a boca abrir e fechar.
- Ele é excelente, pai! - eu disse. Beijei papai na bochecha. - Obrigada.
- Você realmente gostou dele? - papai perguntou.
Bofetada sorriu para mim. Seus olhos azuis olharam os meus. Ele parecia estar esperando por uma resposta também.
- Sim, ele é incrível! - eu disse. - Eu gosto dos seus olhos severos. Parecem tão reais.
- Os olhos se mexem - disse o papai. - Eles não são pintados, como os de Dênis.
Eles não piscavam, mas se moviam de um lado para o outro.
Coloquei minha mão dentro das costas do ventríloquo.
- Como faz os olhos se mexerem? - perguntei.
- O moço mostrou-me - papai disse. - Não é difícil. Primeiro você segura a corda que mexe a boca.
- Deixe-me tentar - eu disse a ele.
- Então você mexe sua mão para cima da cabeça do ventríloquo. Há uma alavanca um pouco lá em cima. Sente-a? Empurre-a. Os olhos vão me mover na direção que você empurrar.
- Tudo bem. Vou tentar - eu disse.
Lentamente mudei minha mão por dentro das costas do ventríloquo. Pelo pescoço. E em sua cabeça.
Eu parei e soltei um grito de surpresa quando minha mão bateu em algo macio.
Algo suave e quente.
Seu cérebro!

escrito por: R.L. Stine
traduzido por: Kalel Pessanha